FILOSOFIA GREGA
A Filosofia tem lugar de
nascimento, a Grécia, e um “pai”, Tales de Mileto. A Filosofia grega surgiu a
partir da poesia, da religião e das condições sociopolíticas.
A Filosofia, como conhecemos
hoje, ou seja, no sentido de um conhecimento racional e sistemático, foi uma
atividade que, segundo se defende na história da filosofia, iniciou na Grécia
Antiga formada por um conjunto de cidades-Estado (pólis) independentes. Isso
significa que a sociedade grega reunia características favoráveis a essa forma
de expressão pautada por uma investigação racional. Essas características eram:
poesia, religião e condições sociopolíticas.
COSTUMA-SE DIVIDIR
A FILOSOFIA GREGA EM QUATRO PERÍODOS:
a) PERÍODO
PRÉ-SOCRÁTICO – do século VII ao século V a.C. Caracterizado pela
investigação acerca da physis e pelo início de uma forma de argumentar e expor
as ideias;
b) PERÍODO
SOCRÁTICO – do final do século V ao século IV a.C. Caracterizado pela
investigação centrada no homem, sua atividade política, suas técnicas, sua
ética. Também considerado o apogeu da filosofia grega;
c) PERÍODO
PÓS-SOCRÁTICO – do século IV ao século III a.C. Caracterizado pela
tentativa de apresentar um pensamento unificado a partir de diversas teorias do
passado. Interessava em fazer a distinção entre aquilo que poderia ser objeto
do pensamento filosófico.
d) PERÍODO
HELENÍSTICO OU GRECO-ROMANO – do século III a.C. ao século VI d.C.
Engloba o período do Império Romano e dos Padres da Igreja. Trata-se das
relações entre o homem, a natureza e Deus.
POESIA GREGA
Os poetas gregos, como
Homero, desempenhavam papel bastante importante na educação dos jovens gregos.
Os poemas homéricos continham características que serviriam de base para o
desenvolvimento da filosofia. A principal delas é a busca pelas causas dos
acontecimentos narrados, procurando uma narrativa que contemplasse a realidade
da forma mais completa possível.
Outro poeta grego, Hesíodo,
tem grande importância para o pensamento grego por ter narrado o nascimento dos
deuses, uma forma de tentar explicar a origem do universo, tema que apareceria
no primeiro filósofo, Tales de Mileto. A Teogonia de Hesíodo faz coincidir os
deuses com fenômenos da natureza e partes do universo, que teria sido originado
a partir de Caos, o primeiro deus a se gerar.
Além disso, temos dois temas
que aparecem nos poetas que marcarão o início da filosofia grega: a noção de
justiça como valor supremo e o conceito de limite, que Aristóteles
desenvolveria como a noção de “justa medida”.
RELIGIÃO
Havia duas expressões da
religião grega: a religião pública, aquela que conhecemos pelos poemas de
Homero e a religião dos mistérios, praticada em círculos restritos por aqueles
que não consideravam suficiente a religião pública.
Dentre os “mistérios”,
aquele que mais importa para o nascimento da filosofia grega é o Orfismo, nome
derivado de seu fundador, o poeta trácio Orfeu. O Orfismo inaugura uma
concepção da existência humana distante do naturalismo: enquanto a religião
pública considerava o homem mortal, o Orfismo opõe corpo e alma, sendo que o
corpo seria mortal, mas não a alma. Do Orfismo são tributárias as filosofias de
Pitágoras, Heráclito, Empédocles e Platão.
Outro aspecto importante da
religião grega era a inexistência de um livro sagrado. As crenças eram
difundidas pelos poetas, mas com uma visão não dogmática e sem uma autoridade
que teria o direito de proteger os dogmas. Com isso, os filósofos gregos não
enfrentaram resistência religiosa à sua liberdade de pensamento.
CONDIÇÕES SOCIOPOLÍTICAS
Antes de existirem as polis,
a sociedade grega se agrupava em comunidades compostas por pessoas com um antepassado
em comum, comunidades chamadas de genos. O poder de decisão era concentrado na
figura do mais velho do grupo, o pater. Com o aumento do número de pessoas em
relação à quantidade de terras produtivas, iniciaram-se conflitos e, depois de
um extenso desenrolar histórico, surgiu a noção de propriedade privada: para
resolverem os conflitos no interior dos genos, decidiu-se dividir as terras.
Essa decisão, no entanto, foi baseada no critério mais forte para eles, o grau
de parentesco. Assim, a proximidade sanguínea com o patriarca determinou tanto
aqueles que se tornaram grandes proprietários, tanto aqueles que ficaram sem
terras e se tornaram escravos ou artesãos.
Formaram-se assim as
fratrias, pelo reagrupamento dos genos, e a organização das fratrias, deu
origem às tribos. As tribos eram independentes e, por isso, podiam combater
entre si. Entre as tribos que conhecemos, destacaram-se os aqueus, os eólios,
os dórios e os jônios. Então, a Grécia Antiga não era formada por um Estado
único e quando falamos “os gregos”, não falamos sobre um único povo. Aos
poucos, cada tribo fundou uma cidade-Estado, ou seja, uma polis, no ponto mais
alto da região onde se situavam.
Muitos aqueus se instalaram
em ilhas e em costas da Ásia Menor; os jônicos fundaram cidades como Mileto e
Éfeso. Por conta das condições geográficas, eles desenvolveram atividades
econômicas voltadas para a navegação, comércio e artesanato. A adoção do regime
monetário fortaleceu aqueles que viviam dessas atividades e se afastaram da
organização social micênica que tinha seu fundamento na aristocracia de sangue.
A partir do século VII a.C.,
os homens e as mulheres não se satisfazem mais com uma explicação mítica da
realidade. O processo de transformação e de criação envolvido no
desenvolvimento de técnicas leva ao questionamento a respeito do universo, se
ele também não respondia a um processo semelhante.
É em Mileto, situado na
Jônia (atual Turquia), litoral ocidental da Ásia Menor que as perguntas a
respeito da natureza exterior do mundo se desvincularam da mitologia. Os dados
da experiência sensível (frio, quente, pesado, leve, por exemplo) passaram a
ser explicados de uma forma racional. Eram entendidos também como realidades em
si – por isso se falava em “O quente”, “o frio”, “o pesado”, “o leve”.
Por meio desse exercício do
pensamento, os filósofos pretendiam analisá-los em relação ao todo, pois a
razão parecia exigir uma unidade no lugar da multiplicidade que até então não
havia sido problematizada.
Os principais pensadores da
escola de Mileto (ou também “escola jônica” ou “milesiana”) são Tales,
considerado o pai da filosofia, Anaximandro e Anaxímenes. Os pensadores dessa
escola se caracterizam pela preocupação com a physis, palavra grega que pode ter
o sentido de “natureza ou fonte originária”, mas também de “processo de
surgimento e de desenvolvimento”.
Importante notar que nessa
época não havia uma clara distinção entre as áreas do saber como temos hoje –
ciência, religião, filosofia e matemática, por exemplo. Por esse motivo, muitos
dos filósofos pré-socráticos podiam ser também líderes religiosos, cientistas,
médicos ou matemáticos.