quarta-feira, 3 de outubro de 2018

LÓGICA ARISTOTÉLICA

LÓGICA ARISTOTÉLICA



LÓGICA ARISTOTÉLICA E SIMBÓLICA

1. O QUE É LÓGICA?
2. O QUE É ARGUMENTO?
3. O QUE É UMA FALÁCIA?
4. O QUE É UM SILOGISMO?
5. O QUE SIGNIFICA PROPOSIÇÕES?
6. O QUE É UMA PREMISSA?

Estas e outras questões precisam ser bem entendidas para se compreender o processo de construção da lógica.

domingo, 19 de agosto de 2018

LIVRO DIDÁTICO EM PDF

LIVRO DIDÁTICO EM PDF

UNIDADE I: DESCOBRINDO A FILOSOFIA

Capítulo 1: A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA
Capítulo 2: AS ORIGENS DA FILOSOFIA

UNIDADE II: A CONDIÇÃO HUMANA

Capítulo 3: NATUREZA E CULTURA
Capítulo 4: LINGUAGEM E PENSAMENTO
Capítulo 5: TRABALHO, CONSUMO E LAZER

UNIDADE III: CONHECIMENTO E VERDADE

Capítulo 6: O QUE PODEMOS CONHECER?
Capítulo 7: IDEOLOGIAS: AS ILUSÕES DO CONHECIMENTO
Capítulo 8: LÓGICA: ARISTOTÉLICA E SIMBÓLICA
Capítulo 9: A BUSCA DA VERDADE: ANTIGUIDADE E IDADE MÉDIA
Capítulo 10: FILOSOFIA MODERNA E CRISE DA METAFÍSICA
Capítulo 11: FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

UNIDADE IV: FILOSOFIA MORAL

Capítulo 12: MORAL, ÉTICA E ÉTICA APLICADA
Capítulo 13: NINGUÉM NASCE MORAL
Capítulo 14: PODEMOS SER LIVRES
Capítulo 15: A FELICIDADE: AMOR CORPO E EROTISMO
Capítulo 16: TEORIAS ÉTICAS: ABORDAGEM CRONOLÓGICA

UNIDADE V: FILOSOFIA POLÍTICA

Capítulo 17: A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA
Capítulo 18: DIREITOS HUMANOS
Capítulo 19: POLÍTICA ANTIGA E MEDIEVAL
Capítulo 20: DA CONSTRUÇÃO DO ESTADO MODERNO AO LIBERALISMO
Capítulo 21: TEORIAS SOCIALISTAS
Capítulo 22: POLÍTICA CONTEMPORÂNEA

UNIDADE VI: FILOSOFIAS DAS CIÊNCIAS

Capítulo 23: CIÊNCIAS, TECNOLOGIAS E VALORES
Capítulo 24: CIÊNCIA ANTIGA E MEDIEVAL
Capítulo 25: REVOLUÇÃO CIENTIFICA E MÉTODOS DAS CIÊNCIAS NATURAIS

UNIDADE VII: ESTÉTICA

Capítulo 26: O NASCIMENTO DAS CIÊNCIAS HUMANAS
Capítulo 27: ESTÉTICA: INTRODUÇÃO CONCEITUAL
Capítulo 28: CULTURA E ARTE
Capítulo 29: ARTE COMO FORMA DE PENSAMENTO
Capítulo 30: A SIGNIFICAÇÃO DA ARTE
Capítulo 31: CONCEPÇÕES ESTÉTICAS

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

MÉTODOS E PROCESSOS: O TAYLORISMO, FORDISMO E O TOYOTISMO.

MÉTODOS E PROCESSOS
O TAYLORISMO, FORDISMO E O TOYOTISMO.

No início do século XX duas formas de organização de produção industrial provocaram mudanças significativas no ambiente fabril: o taylorismo e o fordismo. Esses dois sistemas visavam à racionalização extrema da produção e, consequentemente, à maximização da produção e do lucro.

Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915), engenheiro mecânico, desenvolveu um conjunto de métodos para a produção industrial que ficou conhecido como taylorismo. De acordo com Taylor, o funcionário deveria apenas exercer sua função/tarefa em um menor tempo possível durante o processo produtivo, não havendo necessidade de conhecimento da forma como se chegava ao resultado final.
 Sendo assim, o taylorismo aperfeiçoou o processo de divisão técnica do trabalho, sendo que o conhecimento do processo produtivo era de responsabilidade única do gerente, que também fiscalizava o tempo destinado a cada etapa da produção. Outra característica foi a padronização e a realização de atividades simples e repetitivas. Taylor apresentava grande rejeição aos sindicatos, fato que desencadeou diversos movimentos grevistas.
 Henry Ford (1863 – 1947), por sua vez, desenvolveu o sistema de organização do trabalho industrial denominado fordismo. A principal característica do fordismo foi a introdução das linhas de montagem, na qual cada operário ficava em um determinado local realizando uma tarefa específica, enquanto o automóvel (produto fabricado) se deslocava pelo interior da fábrica em uma espécie de esteira. Com isso, as máquinas ditavam o ritmo do trabalho.
 O funcionário da fábrica se especializava em apenas uma etapa do processo produtivo e repetia a mesma atividade durante toda a jornada de trabalho, fato que provocava uma alienação física e psicológica nos operários, que não tinham noção do processo produtivo do automóvel. Essa racionalização da produção proporcionou a popularização do automóvel de tal forma que os próprios operários puderam adquirir seus veículos.
 Tanto o taylorismo quanto o fordismo tinham como objetivos a ampliação da produção em um menor espaço de tempo e dos lucros dos detentores dos meios de produção através da exploração da força de trabalho dos operários. O sucesso desses dois modelos fez com que várias empresas adotassem as técnicas desenvolvidas por Taylor e Ford, sendo utilizadas até os dias atuais por algumas indústrias.
Toyotismo é o modelo japonês de produção, criado pelo japonês Taiichi Ohno e implantado nas fábricas de automóveis Toyota, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, o novo modelo era ideal para o cenário japonês, ou seja, um mercado menor, bem diferente dos mercados americano e europeu, que utilizavam os modelos de produção Fordista e Taylorista.
Na década de 70, em meio a uma crise de capital, o modelo Toyotista espalhou-se pelo mundo. A ideia principal era produzir somente o necessário, reduzindo os estoques (flexibilização da produção), produzindo em pequenos lotes, com a máxima qualidade, trocando a padronização pela diversificação e produtividade. As relações de trabalho também foram modificadas, pois agora o trabalhador deveria ser mais qualificado, participativo e polivalente, ou seja, deveria estar apto a trabalhar em mais de uma função.
Os desperdícios detectados nas fábricas montadoras foram classificados em sete tipos: produção antes do tempo necessário, produção maior do que o necessário, movimento humano (por isso o trabalho passou a ser feito em grupos), espera, transporte, estoque e operações desnecessárias no processo de manufatura.
As principais características do modelo toyotista são:
          FLEXIBILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO – produzir apenas o necessário, reduzindo os estoques ao mínimo.
          AUTOMATIZAÇÃO – utilizando máquinas que desligavam automaticamente caso ocorresse qualquer problema, um funcionário poderia manusear várias máquinas ao mesmo tempo, diminuindo os gastos com pessoal.
          JUST IN TIME (na hora certa) – sem espaço para armazenar matéria-prima e mesmo a produção, criou-se um sistema para detectar a demanda e produzir os bens, que só são produzidos após a venda.
          KANBAN (etiqueta ou cartão) – método para programar a produção, de modo que o just in time se efetive.
          TEAM WORK (trabalho em equipe) – os trabalhadores passaram a trabalhar em grupos, orientados por uma líder. O objetivo é de ganhar tempo, ou eliminar os “tempos mortos”.
          CONTROLE DE QUALIDADE TOTAL – todos os trabalhadores, em todas as etapas da produção são
        responsáveis pela qualidade do produto e a mercadoria só é liberada para o mercado após uma inspeção minuciosa de qualidade. A ideia de qualidade total também atinge diretamente os trabalhadores, que devem ser “qualificados” para serem contratados. Dessa lógica nasceram os certificados de qualidade, ou ISO.
Embora possa parecer que o modelo toyotista de produção valorize mais o trabalhador do que os modelos anteriores (fordista e taylorista), tal impressão é uma ilusão. Na realidade da fábrica, o que ocorre é o aumento da concorrência entre os trabalhadores, que disputam melhores índices de produtividade entre si. Tais disputas sacrificam cada vez mais o trabalhador, e tem como consequência, além do aumento da produtividade, o aumento do desemprego. Em suma, a lógica do mercado continua sendo a mesma: aumentar a exploração de mais-valia do trabalhador.

MÉTODOS E PROCESSOS

MÉTODOS E PROCESSOS

PDCA é, com certeza, o mais conhecido conceito de gestão e qualidade. Este conceito se trata de um ciclo dinâmico aplicável a cada um dos processos da organização. Na prática trata-se de um método de análise e solução de problemas. Seu nome deriva do inglês plan, do check e act que em português pode ser traduzido por planejar, fazer, verificar e agir. O método é normalmente representado por um círculo dividido em quatro partes iguais nas quais remetem ao significado do processo cíclico.
A Gestão por Processos deve estar fundamentada na melhoria contínua da eficácia e eficiência da organização e de seus processos-chave. Um dos fundamentos para a gestão é a existência de um bom  sistema de medição de desempenho, com processos bem definidos e indicadores de desempenho que mensuremsua EFICÁCIA EFICIÊNCIA, tendo  os esforços da gestão direcionados para atingir os OBJETIVOSe METAS da organização. Eficácia: As atividades planejadas para o processo são realizadas e os resultados são alcançados. Eficiência: Relação entre os resultados alcançados comparados com os recursos e esforço utilizados.


Quanto as aplicações dos métodos epistemológicos (construção de conhecimento) aplicados em processos de produção pode-se dizer que há uma aplicação dos dois métodos dependendo da fase ou processo de uma área de transformação de produto. 

quinta-feira, 1 de março de 2018

MÉTODO INDUTIVO

MÉTODO INDUTIVO

Raciocínio indutivo ou método indutivo é um tipo de raciocínio ou argumento que parte de uma premissa particular para atingir uma conclusão universal. É o processo pelo qual, dadas diversas particularidades, chegamos a uma generalização. Assim, podemos dizer que o raciocínio indutivo é um argumento no qual a conclusão tem uma abrangência maior que as premissas. O indivíduo que faz uso do método indutivo entende que as explicações para os fenômenos surgem unicamente da observação dos fatos.
Aristóteles, o antigo filósofo grego, afirma na Metafísica que Sócrates foi o primeiro a usar a indução e a dar definições. O termo grego por ele utilizado, epagogé (ἐπαγογή), é traduzido geralmente por “indução”, mas o sentido em que foi usado pelo filósofo não coincide totalmente com o conceito moderno.
No campo da lógica temos duas classes fundamentais de argumentos: os dedutivos e os indutivos. Os argumentos dedutivos são aqueles cujas premissas fornecem um fundamento definitivo da conclusão, enquanto nos indutivos as premissas proporcionam somente alguma fundamentação da conclusão, mas não uma fundamentação conclusiva, identificando dessa maneira os conceitos de dedução e raciocínio válido. A indução é, em geral, o oposto do método da dedução, pois parte de uma observação feita do mundo, de uma realidade, de um evento, de um fato.
O princípio de indução não trata de uma verdade lógica pura, mas de premissas para inferir uma conclusão (premissas são observações da natureza e de fatos do mundo). Há uma pretensão neste tipo de raciocínio: a conclusão de um particular fundamentado numa proposição geral, mas, como a proposição geral é fruto da observação, ela não é geral. Caso houvesse um princípio puramente lógico de indução, não haveria problema de indução, uma vez que, neste caso, todas as inferências indutivas teriam de ser tomadas como transformações lógicas ou tautológicas, exatamente como as inferências no campo da lógica dedutiva. O raciocínio indutivo parte de premissas particulares, na busca de uma lei geral, universal:
O ferro conduz eletricidade / O ferro é metal // O ouro conduz eletricidade / O ouro é metal / O cobre conduz eletricidade / O cobre é metal / Logo, os metais conduzem eletricidade.
Em outro exemplo - olhando bem sua para sua pele, uma mulher de 70 anos percebeu muitas rugas e concluiu, para seu conforto, que todo homem e toda mulher nesta faixa etária têm muitas rugas.
Conclusão: Um argumento que tem como forma um raciocínio indutivo não é lógico.

Bibliografia:
Raciocínio indutivo – método indutivo e dedutivo. Disponível em: http://antoniogarcianeto.wordpress.com/2012/10/29/raciocinio-indutivo-metodo-indutivo-e-dedutivo/

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA - INTRODUÇÃO

FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA
''VOS SOIS TODOS IRMÃOS" (Mt 23,8)


ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Os episódios de violência intensificaram-se e tornaram-se comuns também em cidades pequenas e médias, deixando de ser um fenômeno típico das grandes metrópoles. A violência direta é que chama mais a atenção. Essa forma de violência acontece quando uma pessoa usa a força contra outra. Porém, vemos crescer sempre mais as formas coletivas e organizadas da prática de violência.
A violência se caracteriza pelo uso intencional da força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de pessoas. Essa violência pode resultar em dano físico, sexual, psicológico ou morte. A violência não é um caso apenas reservado ao tratamento policial, à lei, mas é uma questão social que requer a atenção e a participação de toda a sociedade para ser enfrentada.

Nesta Campanha da Fraternidade desejamos refletir a realidade da violência, rezar por todos os que sofrem violência e unir as forças da comunidade para superá-la. Os índices da violência no Brasil superam significativamente os números de países que se encontram em guerra ou que são vítimas frequentes de atentados terroristas.

FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA - VER
Ao longo da década de 1990, cresceu significativamente o acesso aos equipamentos e aos serviços privados de proteção. Todavia, essa aparente proteção também aumenta, colateralmente, o isolamento. Mantém-se à distância não só o potencial inimigo, mas também o amigo.
Esse distanciamento impede o confronto necessário e benéfico com o outro, abrindo portas para o estra­nhamento e o ódio contra quem pensa ou é diferente. O "outro" converte-se, então, em mais uma ameaça à sensação individual de segurança.
Apesar de possuir menos de 3% da população mundial, nosso país responde por quase 13% dos assassina­tos no planeta. Em 2014, o Brasil chegou ao topo do ranking, considerado o número absoluto de homicídios. Foram 59.627 mortes, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (lpea)
Entre os maiores desafios contemporâneos no campo da segurança pública, em uma perspectiva de pro­moção à cidadania, está o de garantir que as políticas públicas implementadas tenham em vista o aumento da solidariedade entre as pessoas, ao invés de enclausurá-las, criando-se empecilhos ou mesmo impedindo relações interpessoais humanizadas. Não existe a possibilidade de se encaminhar uma solução sem a ampla e irrestrita participação da sociedade.
Não se compreende a violência apenas pela consideração dos atos violentos - os quais representam apenas sua face mais óbvia e mais fragmentária. Nas seções seguintes, ao invés de perceber a violência reduzida apenas ao exercício direto da força, pretende-se descrever as situações estruturais de geração e perpetuação  da violência.

A EXPERIÊNCIA COTIDIANA DA VIOLÊNCIA - No Brasil,cinco pessoas são mortas por arma de fogo a cada hora. A cada dia, são 123 pessoas assassinadas dessa forma. No ano de 2014, houve mais de 40 mil mortes. A violência direta pode ter formas sutis sem, com isso, tornar-se menos danosa. As redes sociais têm con­
tribuído para dar visibilidade à violência expressa sob a forma de preconceito ou ódio de classe, de raça, de gênero, de política e até mesmo de intolerância religiosa.
É possível suspeitar que a sociedade brasileira possa estar consolidando modos de vida cuja referência é fazer justiça com as próprias forças.
Três fatores são fundamentai s para definir esses espaços de paz e de guerra. O primeiro deles é a ação (ou omissão) do poder público. O segundo ponto que demarca a ocorrência da paz ou da guerra está re­lacionado ao poder do dinheiro. Um terceiro ponto diz respeito ao tratamento seletivo dado pelos órgãos públicos, dos três poderes, em relação à garantia de direitos, como o acesso à Justiça.

VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL - A violência no Brasil está relacionada a modelos de organização e a prá­ticas sociais que alcançam um nível institucional e sistemático de produção e perpetuação de modos de vida violentos.
Vários estudos associam o aumento da violência letal - ou seja, a violência que gera morte - ocorrido na década de 1980 com a crise socioeconômica vivida naquele período. O processo inflacionário e a conse­quente corrosão dos salários implicaram perda de rendimentos principalmente para os mais pobres. Como resultado, aumentou expressivamente a desigualdade social.
A violência não parece ser redutível a uma disfunção ou mal funcionamento do aparato estatal. Mostra­-se, antes, como um processo de produção e de reprodução de desigualdades, resultante do próprio modo de funcionamento das instituições.
A desigualdade de poder acaba por implicar uma distribuição também desigual dos bens e serviços, criando círculos viciosos. Por encontrarem-se em uma situação de fragilidade, os pobres constituem as principais vítimas das mazelas econômicas por que sucessivamente passa o país.

A CULTURA DA VIOLÊNCIA - Por "violência cultural" entendem-se as condições em razão das quais uma determinada sociedade não reconhece como violência atos ou situações em que determinadas pessoas são agredidas. Criam-se processos que fazem aparecer como legítimas certas ações violentas.
Estudos feitos a partir de inquéritos policiais mostram uma grande proporção de assassinatos cometidos por impulso ou por motivos fúteis: ciúmes, desavenças entre vizinhos, desentendimentos no trânsito e ou­tras formas de conflito, nesse contexto, a reação violenta torna-se naturalizada, como se a forma passional fosse a maneira única e "normal" de reagir a uma situação conflitiva.
Entende-se que uma certa dose de violência seria, inclusive, benéfica para manter as "pessoas de bem" longe do crime e dar o "devido castigo" a quem deixou de fazer "aquilo que é certo". Diferentemente da violência direta que pode ser mais facilmente identificada e da violência estrutural da qual se veem traços mais ou menos definidos, a violência cultural pode ser mais esquiva.

A VIOLÊNCIA COMO SISTEMA NO BRASIL (A violência como parte da história do Brasil) - Desde o período colonial, foi sendo imposto um arranjo social no qual certas categorias de pessoas recebiam um tratamento melhor do que outras.
Passaram-se as décadas, mas, no Brasil, foi se instituindo apenas uma igualdade formal dos indivíduos. Mesclam-se as distinções sociais e as econôm1cas de tal forma que se forja uma sociedade altamente hie­ rarquizada - baseada em relações de mando e subordinação, ao invés de fundar-se na igualdade de direitos e na imparcial obediência às leis.
O Brasil é um país perigoso para quem atua em favor da igualdade de direitos. 66 defensores dos direitos humanos foram assassinados no Brasil em 2016. O modo violento de se viver em sociedade no Brasil se dá por causa da escolha de alguns grupos que, ao tentar manter a atual ordem estabelecida, acaba tornando alguns modelos fixos e sem alteração, nesse caso é complexo o enfrentamento da violência, pois prejudica as relações sociopolíticas.
Não há solução para a violência fora das discussões que ocorrem no âmbito da política. A corrupção é a expressão de que o dinheiro está em primeiro lugar e a dignidade das pessoas e o bem público em segundo. A corrupção trai a justiça e a ética social, compromete o funcionamento do Estado, confunde o público e o privado. Papa Francisco nos diz: "quando o dinheiro se torna um ídolo, ele comanda as escolhas do homem. Assim, o dinheiro arruína o homem e o condena a ser um escravo."

AS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO:

VIOLÊNCIA RACIAL - Suposição de que exis­tam raças humanas distintas e de que umas são superiores a outras. Nessa mentalidade, o sujeito considera inferiores as pessoas que não possuem as mesmas características que ele.

VIOLÊNCIA CONTRA OS JOVENS - Entre jovens de 15 a 24 anos, os homicídios são a principal causa de morte. Dentre tais jovens vitimados, a imensa maioria era composta por negros (71,44%), majoritariamente do sexo masculino (93,03%). O assassínio de jovens é uma questão que ultrapassa os limites das políticas de segurança e a transformam em um problema de saúde pública e de civilidade. Essa violação de direitos humanos causa um imenso sofrimento nas famílias que perdem seus filhos.

VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E HOMENS - 13 homicídios diários, em média -, o Brasil ocupa a quinta colocação em uma lista de 83 países. Ocorrem aqui 2,4 vezes mais homicídios de mulheres do que a média internacional. A cada três vítimas de violência, duas eram mulheres.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - 71,8% das agressões registradas pelo SUS em 2011 aconteceram no domicílio da vítima. Casos de violência são mais frequentes contra mulheres jovens. Uma em cada seis pessoas (16%) com mais de 60 anos de idade já sofreram algum tipo de abuso.

VIOLÊNCIA E NARCOTRÁFICO - O narcotráfico movimenta mais de 400 bilhões de dólares por ano, sen­do um dos setores mais lucrativos da economia mundial. Ao invés de os governos nacionais e os sistemas
internacionais de combate às drogas somarem esforços no combate à produção e distribuição das drogas,
onde se encontram os grandes traficantes, a política de repressão às drogas está seletivamente direcionada aos usuários e microtraficantes.
40% dos nove milhões de presos em todo o mundo foram aprisionados em razão do comércio e do uso de substâncias consideradas ilícitas. Perfil do encarcerado: 67% dos presos no Brasil são negros, 56% têm entre 18 e 29 anos, e 53% não completaram sequer o Ensino Fundamental. No caso do encarceramento feminino, 63% das mulheres estão presas por tráfico de drogas.

INEFICIÊNCIA DO APARATO JUDICIAL - O Brasil tem umas das maiores populações carcerárias do mundo. São mais de 650 mil presos, vivendo em condições degradantes.
Ao invés de praticar os ideais de recuperação e reintegração da pessoa apenada à sociedade, as prisões se transformam em um depósito de supostos "maus elementos" a serem reprimidos e, se possível, esque­ cidos pela sociedade.

POLÍCIA E VIOLÊNCIA - é comum que se enxergue, como única solução para o problema da violência, o aumento do policiamento e o recrudescimento das leis penais. Esta não é a solução!

RELIGIÃO E VIOLÊNCIA - A religião é um elemento de coesão social, que otimiza o capital social das comunidades. Quando as pessoas se reúnem em comunidade e na identidade de suas crenças, elas reforçam os laços que as unem e reconhecem-se como irmãos, irmãs e semelhantes. Contudo, também é possível que a experiência religiosa também se converta em uma forma de violência. No Brasil, tem sido comum a intolerância e o fanatismo religioso.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O PENSAMENTO CRIATIVO

O PENSAMENTO CRIATIVO

Se a filosofia mantém com a mitologia, a religião e o senso comum relações muitas vezes conflituosas, de negação, em razão do panorama fechado que cada uma delas apresenta, com a arte e a ciência, dadas suas perspectivas sempre abertas e criativas, a filosofia conserva relações positivas, muitas vezes de interdependência.
Fazer arte não é fazer filosofia nem ciência; do mesmo modo, pensar filosoficamente não se confunde nem com o fazer artístico nem com o teorizar científico. Mas, como veremos no próximo capítulo, em suas atividades criativas, constantemente a filosofia precisa dialogar com a arte e com a ciência para produzir seus conceitos. Da mesma forma, a ciência tem necessidade de diálogo com a arte e a filosofia para produzir suas teorias. E a arte também necessita de componentes da filosofia e da ciência na criação de suas obras.

TEXTO PARA LEITURA: 

Será que um produto também pode se tornar um mito? É o que o estudioso francês Roland Barthes discute no texto a seguir, escrito na década 1950. Para Barthes, o plástico mudou o mundo contemporâneo e gerou toda uma mística a seu redor.

O PLÁSTICO

Apesar dos seus nomes de pastores gregos (Polistirene, Fenoplaste, Polivinile e Polietilene), o plástico, cujos produtos foram recentemente concentrados numa exposição, é essencialmente uma substância alquímica. À entrada do stand, o público espera demoradamente, em fila, a fim de ver realizar-se a operação mágica por excelência: a conversão da matéria; uma máquina ideal, tubulada e oblonga (forma apropriada para manifestar o segredo de um itinerário) transforma sem esforço um monte de cristais esverdeados em potes brilhantes e canelados. De um lado, a matéria bruta, telúrica, e, do outro, o objeto perfeito, humano; e, entre esses dois extremos, nada; apenas um trajeto, vagamente vigiado por um empregado de boné, meio deus, meio autômato.
Assim, mais do que uma substância, o plástico é a própria ideia da sua transformação infinita, é a ubiquidade tornada visível, como o seu nome vulgar o indica; e, por isso mesmo, é considerado uma matéria milagrosa: o milagre é sempre uma conversão brusca da natureza. O plástico fica inteiramente impregnado desse espanto: é menos um objeto do que o vestígio de um movimento. E como esse movimento é, nesse caso, quase infinito, transformando os cristais originais numa variedade de objetos cada vez mais surpreendentes, o plástico é, em suma, um espetáculo a se decifrar: o próprio espetáculo dos seus resultados. 
Perante cada forma terminal (mala, escova, carroceria de automóvel, brinquedo, tecido, cano, bacia ou papel), o espírito considera sistematicamente a matéria-prima como enigma. Este “proteísmo” do plástico é total: pode formar tão facilmente um balde como uma joia. Daí o espanto perpétuo, o sonho do homem perante as proliferações da matéria, perante as ligações que surpreende entre o singular da origem e o plural dos efeitos. Trata-se, aliás, de um espanto feliz, visto que o homem mede o seu poder pela amplitude das transformações
e que o próprio itinerário do plástico lhe dá a euforia de um prestigioso movimento ao longo da Natureza. Mas o preço desse êxito está no fato de que o plástico, sublimado como movimento, quase não existe como substância.
A sua constituição é negativa: não sendo duro nem profundo, tem de se contentar com uma qualidade substancial neutra, apesar das suas vantagens utilitárias: a “resistência”, estado que supõe o simples suspender de um abandono.
Na ordem poética das grandes substâncias, é um material desfavorecido, perdido entre a efusão das borrachas e a dureza plana do metal: não realiza nenhum dos verdadeiros produtos da ordem mineral, espumas, fibras, estratos. É uma substância alterada: seja qual for o estado em que se transforme, o plástico conserva uma aparência flocosa, algo turvo, cremoso e entorpecido, uma impotência em atingir alguma vez o liso triunfante da Natureza. Mas aquilo que mais o trai é o som que produz, simultaneamente oco e plano. O ruído que produz derrota-o, assim como as suas cores, pois parece fixar apenas as mais químicas: do amarelo, do vermelho e do verde só conserva o estado agressivo, utilizando-as somente como um nome, capaz de ostentar apenas conceitos de cores. A moda do plástico acusa uma evolução no mito do símili sendo um costume historicamente burguês (as primeiras imitações, no vestuário, datam do início do capitalismo); mas até hoje o símili sempre denotou a pretensão, fazia parte de um mundo da aparência, não da utilização prática, pretendia reproduzir pelo menor preço as substâncias mais raras, o diamante, a seda, as plumas, as peles, a prata, tudo o que de brilhante houvesse no mundo. O plástico a preço reduzido é uma substância doméstica. É a primeira matéria mágica a adquirir o prosaísmo; mais precisamente, porque esse prosaísmo é para ele uma razão triunfante de existência: pela primeira vez o artifício visa o comum, e não o raro. E, paralelamente, modifica-se a função ancestral da natureza: ela deixou de ser a Ideia, a pura Substância a recuperar ou a imitar; uma matéria artificial, mais fecunda do que todas as jazidas do mundo, vai substituí-la e comandar a própria invenção das formas. Um objeto luxuoso está sempre ligado a terra, recorda sempre de uma maneira preciosa a sua origem mineral ou animal, o tema natural de que é apenas uma atualidade. O plástico é totalmente absorvido pela sua utilização: em última instância, inventar-se-ão objetos pelo simples prazer de os utilizar. Aboliu-se a hierarquia das substâncias, uma só substituiu todas as outras: o mundo inteiro pode ser plastificado, e até mesmo a própria vida, visto que, ao que parece, já se começaram a fabricar aortas de plástico.

BARTHES, Roland. Mitologias. 11. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p. 111-113.

Questões sobre o texto:

1 Roland Barthes analisa o plástico como um mito, carregado de significados sagrados. Quais passagens do texto podem justificar essa afirmação?

2 Que outros produtos atuais também poderiam ser analisados como mitos? Explique sua resposta.

3 A qual tipo de mito Roland Barthes se refere: ao mito antigo ou o mito contemporâneo?