Patrística
Iniciando como discussões mais focadas na relação entre cristianismo e judaísmo e estabelecimento canônico do velho testamento, rapidamente evoluiu para avaliar a consistência da fé em termos doutrinários, procurando fortalecer seu estabelecimento no Império Romano cristianizado.
O período da escola patrística é normalmente dividido entre antes e depois do primeiro conselho de Niceia. O objetivo deste conselho foi o de obter um consenso entre as diversas vertentes do cristianismo e seu estudo, estabeleceu-se a questão da natureza do messias cristão e sua relação com Deus, levando assim a uma padronização do ponto de partida dos trabalhos filosóficos da época.
Em alguns casos, o período é dividido de acordo com a vida e obra de seu mais importante pensador, Agostinho. O platonismo, doutrina derivada da filosofia idealista do filósofo grego Platão, foi o mais popular método de proceder no período anterior a Agostinho. Platonistas cristãos, como ficaram conhecidos, defendiam que a essência e fundamento da vida deveria ser a fé. A partir da fé, e não da razão, os homens tomariam decisões em suas vidas e realizariam julgamentos morais. Nesta vertente, destacam-se Clemente de Alexandria e Orígenes.
Agostinho surge como um reformulador da filosofia patrística, explorando temas que estavam além das questões do platonismo cristão e buscando na razão a justificativa para a fé. Explorou a questão do livre arbítrio, defendendo que a Graça Divina seria o elemento garantidor da liberdade humana. Formulou ainda a doutrina do pecado original e a teoria da guerra justa. Agostinho também utilizou-se de argumentos céticos, especialmente em sua refutação à corrente filosófica conhecida como acadêmicos.
No que concerne a sua teoria do conhecimento, contrariando Platão, Agostinho defendeu que o testemunho de outras pessoas, mesmo quando não nos traz uma informação verdadeira ou passível de verificação, podem nos trazer novos conhecimentos. Desenvolveu ainda o "argumento a partir da analogia a outras mentes" como solução padrão para o problema das outras mentes, antecipando um debate que seria levado a cabo, com mais enfase, por Descartes, séculos depois.
Após Agostinho os filósofos patrísticos já contavam com um histórico de grandes discussões e uma estrutura mais robusta como base de seu pensamento. Neste período destaca-se Anselmo de Aosta que, entre outros trabalhos, formulou um argumento ontológico para a existência de Deus que permanecesse ainda hoje em discussão. Um dos motivos é que, embora possa ser rejeitado como um todo, ainda não foi possível refutá-lo com base exclusivamente na lógica. Embora a razão passe a ocupar um papel mais relevante nos desenvolvimentos deste período, ainda permanece subordinada a a fé. A importância da inteligência e do conhecimento se dá na medida em que devemos evitar a adesão a fé seja passiva ou injustificada. Portanto, a razão deverá moderar a inteligência humana para justificar e compreender a fé.
Referências bibliográficas:
DROBNER, Hubertus. Manual de Patrologia. Petrópolis: Vozes, 2003.
HIRSCHBERGER, Johannes. História da Filosofia na Idade Média. Trad. Alexandre Correia. São Paulo: Herder, 1966.
McGrath, Alister. 1998. Historical Theology: An Introduction to the History of Christian Thought. Oxford: Blackwell Publishers. Chapter 1 'The Patristic Period, c. 100-451.
SPINELLI, Miguel. Helenização e recriação de sentidos: a filosofia na época da expansão do cristianismo, séculos II, III, e IV. 2ª Edição Revisada e Ampliada. Caxias do Sul: EDUCS (Editora Universidade de Caxias do Sul), 2015.
Mestre em Filosofia (UFPR, 2013)
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010
FONTE: http://www.infoescola.com/filosofia/patristica/
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010
FONTE: http://www.infoescola.com/filosofia/patristica/
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